Cristina Silveira
Adolescentes, drogas e sexo
Nesta semana, fui convidada para uma entrevista na Rádio Itatiaia, onde conversamos sobre uma pesquisa do IBGE que aponta que 10% dos estudantes de Belo Horizonte, entre 13 a 15 anos, já usaram drogas. Desse estudo, 765 jovens já ingeriram bebidas alcoólicas e 27% já tiveram alguma relação sexual .
Em primeiro lugar, devemos lembrar que o adolescente se encontra na descoberta da própria identidade e que, em alguns casos, pauta-se na busca do prazer, do desejo e da aventura. Esse fato pode vir acompanhado do sentimento de onipotência e descompromisso diante dos riscos, do sentimento de pertencer a um grupo, ou para parecer adulto. Porém isso não quer dizer que todos os adolescentes realizam a experimentação sexual ou de drogas devido a isso.
Outro aspecto com que devemos nos preocupar é a abordagem realizada pela mídia, que, em muitos casos, apela para a sensação de prazer, a sensualidade e a força das imagens idealizadas e perfeitas, para firmar uma marca e vender mais seus produtos. Com isso, nossos jovens vão sendo conduzidos e manipulados pela ilusão de que uma bebida ou uma marca de cigarro qualquer facilitará a sua aceitação nesse “mundo perfeito” e que, com isso, eles serão mais bonitos, mais sensuais e mais inteligentes.
Contudo, nada é mais prejudicial para esses jovens do que as falhas ambientais, ou seja, na família, na escola e nos meios sociais onde ele possa estar inserido. Famílias desestruturadas, onde falta harmonia, onde possam existir modelos ou referências que os influenciem a beber e com frequência, ou onde sofram abusos físicos ou psicológicos por exemplo. As drogas podem ser utilizadas como facilitadoras do processo de convivência, para suportar a pressão causada pelos desajustes ambientais.
Por fim, uma das causas mais preocupantes são as questões intrínsecas, ou seja, stress, ansiedade, ou baixa auto-estima. Outras doenças graves podem estar presentes também, como a esquizofrenia, a bipolaridade ou o Transtorno de Boderline. Nesses casos, as drogas são utilizadas como fator de alienação, de fuga da realidade, levando a pessoa ao uso abusivo de drogas e a aumentar, a cada dia, sua dependência.
É muito importante que os pais fiquem atentos a todas essas questões e que observem os sinais com muito cuidado:
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Observar os cuidados dos jovens com sua higiene e vaidade;
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Observar se há alteração de humor ao longo do dia, alternando entre irritado, depressivo, agitado ou triste;
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Acompanhar a vida social do jovem, observando as suas companhias e o tipo de amigos que possui;
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Se o jovem é contraditório no que diz, apresenta insegurança ou visão distorcida dele mesmo;
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Agressividade sem controle pode ser sinal de uso abusivo de drogas: cuidado!;
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Observe se seu filho tem objetivos definidos, responsabilidades, metas e se está cumprindo as suas atividades na escola e em casa.
No mais, a presença da família é fundamental! Fique atento e compreenda que o modelo familiar, apresentando os valores morais e principalmente exemplos, é muito importante!
Fica a dica!

Cristina Silveira é psicanalista, psicopedagoga e educadora,
especialista em neuropsicopedagogia, arte-terapia e psicologia do trabalho. Tem formação em educação inclusiva (TDAH, autismo, Síndrome de Down) e atualização em artes plásticas e saúde mental. Idealizadora do Movimento Resgatando a Infância.
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